segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Cuidar !
- Lembra daquele cafuné da sua infância?Aquele que sua avó fazia...
-Sim, sim, lembro. Por quê?
-Então, você sempre dizia que gostava, que se sentia acolhi...
- Por que você está falando disso? Preciso terminar aqui, quero assistir o jogo...
- Ah !É que você dizia que espantava vários fantasmas e a sensação de proteção lhe cobria a alma...
-Vou assistir ao jogo...
Na mesa sozinha, olhava os pratos, cada talher, batia os dedos nos copos e pensava no  quanto queria dizer que precisava de um cobertor para a Alma.No quanto,  ela precisava ser notada. No quanto ela só precisava de um colo e um pouco de cafuné...


domingo, 26 de dezembro de 2010


“EM TERRA DE CEGO QUEM TEM UM OLHO É REI”
Será?!?
Incumbida de corrigir uma redação sobre esse tema, fiquei bem feliz e satisfeita. Gosto de temas filosóficos. Detesto a fórmula, a moldura textual do vestibular. E, portanto, quando o tema traz algo mais reflexivo sinto que a ‘forma correta’ pode ser, sutilmente, derrubada. Passei então a refletir sobre um viés desse tema...
Ás vezes penso: “- Onde está a deficiência? Aliás, existe deficiência? Existe diferença? O que distingue tanto? O que são os sentidos?

(...)

Chacoalha! Chacoalha!Mas não sai. Ali sentada, ela não entendia porque não respeitavam, porque as crianças zombavam, porque os adultos olhavam com dó. Ela podia ouvir, falar, sentir... Já não estava bom?
Continuava tentando tirar, mas parecia ter se tatuado em sua pele. Uma tatuagem móvel que escorregava por todo seu pequeno bracinho.
Não queria usar seus dedinhos para tirá-lo. Queria que ele saísse por livre vontade. Porém, ás vezes, chacoalhava seu corpo. Não para tirá-lo totalmente. Mas, sim, para sentir as cócegas do seu movimento.
Sentada, naquela pedra, se pôs a imaginar o que lhe estaria causando tamanha curiosidade, alegria e repugnância. Que misto de vida!
O desejo de conhecer o desconhecido fazia com sua outra mãozinha quisesse tocá-lo. Era tudo uma novidade!No entanto, o sabor do mistério era ganancioso, queria saboreá-lo calmamente. Era um brincar com o quê ainda não tinha nem nome!
Com o bracinho esticado, tentou ajeitar todo seu corpo sobre a pedra, até encostar seus grandes cachos para descansar. E ali, sossegadamente, se pôs a imaginar. Entre o cheiro de orvalho, pensou em uma pétala de rosa. Depois quis imaginar um pedaço de madeira, com seu cheiro mais forte e encorpado. Porém, seu peso não o deixava ser.
O vento ia soprando... e soprando com cheiro de chuva. Sua franja sambava sobre a sua testa, também lhe causando cócegas. Era toda riso!
Com o vento entrando intenso, pelas suas narinas, ia se transformando em uma boneca de pano. Leve, levinha! Chacoalhava! Chacoalhava! Sambava um coração!
Em meio a suas gargalhadas, mexeu o bracinho e sentiu o desconhecido escorregar... Foi caindo devagarzinho! Mas quando, finalmente, parecia que ele cairia no chão, um vento o levantou e o arrastou para o céu. Ele também sambava como si só!
Ela, logo, concluiu e ficou sonhando com a linda borboleta multicolorida que estava, solenemente, pousada sobre seu bracinho. Filosofava sobre a honra de ter sido escolhida como ponto de descanso. Chacoalhava! Chacoalhava! Risos e mais risos! Sorrisos!
Enquanto isso, aquele pequenino e desprezado pedaço de papel continuava voando, com o vento... Chacoalhando!Chacoalhando! Sambando como si só ! Risos e mais risos! Sorrisos...



sábado, 25 de dezembro de 2010

Gosto do sabor da chuva. Gosto de sentir a chuva, na minha pele, poro a poro. Gosto de andar na terra, meio molhada, e sentir com intensidade a sua maciez. Principalmente, senti-la se fundir a sola do meu pé.
Gosto de fusões, principalmente, quando acontecem entre pessoas. Seja em um bate-papo, em um olhar, beijo, sorvete, conversa e/ou em uma vida!Gosto de sentir o gosto do outro, apalpar, tocar, segurar, fazer e ser.
Gosto daquela frase que não precisa ser dita, mas que pela fusão o outro entende e capta o sentido no ar.
Gosto do carinho que se transpassa pela fusão de um abraço. Do calor intenso e avassalador da fusão de corpos, em uma noite de amor.
Gosto das palavras sussurradas, dos segredos infantis, das piadas dos amigos, que passam gerações pela fusão do riso.
Gosto do riso, depois de lágrimas. E das lágrimas depois do riso, daquelas que os olhos não agüentam, depois da fusão intensa de corpo e alma. A fusão primordial que dá ao ser humano a sua melhor roupagem, seja de festa ou de luto.Mas que o faz viver e ser...
Gosto mesmo das fusões! As minhas me mostram que sou humana demasiadamente humana... e só!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

I-N-D-I-F-E-R-E-N-Ç-A

Talvez, a pergunta seja quantas vezes , ainda, irei escrever sobre esse tema. Ou, talvez, não precise de mais questionamentos.
Ódio! Ódio! É difícil quando você chega a conclusão de que não sabe o real significado de uma palavra. Foi assim com o ódio, em uma sessão de análise...Ah! Minhas sessões de análise!

- "Talvez, eu não tenha o direito de odiar". Dizia ela, dizia eu, dizia nós.

Silêncio...

Nenhuma reação dele, nenhuma reação minha. Inerte!

- "Talvez, aqui dentro só caiba outros sentimentos..."

Ela pintou um arco-íris. Ela colou  post - its coloridos pelas paredes. Ela assobiou "sem mandamentos". Ela andou na corda bamba. Ela guardou um segredo terrível. Ela desistiu para achar. Ela perdoou... perdoa... perdoará...

- "Talvez, só caiba Amor".

Daquele mais profundo, intenso e aflito. Na sua melhor versão! Daquele que supera, entrega e busca. Na intensidade exata de um remédio contra a indiferença.
Talvez, seja um instinto de proteção. Uma vontade de estar por perto, de falar que ama, cuida e cuidará. De mostrar a língua para os defeitos e se meter em uma briga  para defender quem precisa.
Vontade de segurar a mão, olhar na boca, beijar os olhos e dizer - "Esperarei, estou com você"-. Desejo de perguntar - "Quer chorar? Quer rir? Não importa o que seja, estarei ao seu lado"-. De gritar  - "Tenho dois ombros, e, sempre, posso emprestá-los"-.
De passar a noite em claro, segurando uma mão. Pegar no colo, embrulhar no cobertor e contar história. Se vestir de palhaça, falar piadas e conversar com gnomos. Fazer uma fogueira gigante, unir uma roda e se esquentar pela conversa. Falar, ouvir e ser ouvida!
Anseio por olhar o passado como aprendizado. Acreditar que traumas são lições para se fazer poesias. Emprestar giz-de-cera para as paredes cinzas. Doar avós e avôs, contadores de causos, para cada casa. Abrir o saco do Papai-Noel e jogar presentes pelo caminho. Junto com o sorvete, do parque de diversão, daquela tarde, em que o coração sambava no peito.

- "Eu queria odiar! Tenho esse direito?"

Silêncio...

Talvez, dentro dela só caiba um sentimento. Ele é grande e ocupa um baita espaço. Por isso, ela não entende a   "i-n-d-i-f-e-r-e-n-ç-a", e assim, sofre. Dia a Dia! Momento a momento!

-" Como faço com meus excessos? Posso conviver com esse ? Talvez, eu só queira amar e ser amada. E aí, amar mais...e... mais!

Silêncio...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010


O mais difícil é não saber o que é sonho ou o que é  realidade. Chega um momento em que os pensamentos se confundem. O labirinto se torna mais complexo.E meu fio fica próximo de arrebentar.
Nessas horas de confusão a vontade é sair sem rumo, na chuva gelada para refrescar a alma quente e  sedenta. O desejo é respirar o ar da noite, enquanto todos dormem e sonham com o dia de amanhã.
A-M-A-N-H-Ã, como vivê-lo? Se parece que algo maior continua parado na esquina já passada. Esquinas que se afastam e se encontram, em um avanço e recuo que dá a intensidade do meu coração.Tudo se move!
Movimento  que se confunde no meio dos lençóis amarrotados, surrados, jogados ao  chão,  tentando domar o calor e a angústia.
Verão sufocante que vai crescendo , querendo atingir o seu máximo, até que de mansinho uma água começa a  rolar, um vento chega assobiando e nesse momento... já  não sei se estou na rua, durante a chuva,  ou  se são as  minhas lágrimas que caem intensas, querendo aliviar. O vento toca a alma.  Esquinas se encontram. Lençóis caem. A realidade se transforma em sonho. O sonho se transforma em  ...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Mi corazón desde entonces
La llora diario
no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue
No sé
Solo sé que se me fue... Yo, tú ... Nosotros...

*Para não dizer que não falei de Amor&Dor*

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Desafio
...Eu perco o chão, eu não acho as palavras... O frio da madrugada me embala, as mãos da solidão acariciam o meu rosto, como se fossem se afastar. A saudade exala o seu aroma atingindo os meus outros sentidos... Mas não acho as palavras...
Meu coração bate descompassado. Ora bate de supetão acelerado, ora bate suavemente. Ás vezes arranha minha alma, outras vezes, a beija... Sempre me questionei, se esse órgão pulsante e sensível, com o qual eu brigo diariamente, tem o formato tradicional ou se ele já adquiriu o aspecto de um ponto de interrogação... Oh! Céus! Ser ou não ser? Eis a questão! Quantas dúvidas, quantas incertezas. Será a caixinha de Pandora? Abriram e deixaram escapar todas as perguntas, mas trancafiaram as respostas. Quem foi o louco que fez isso? Ou será que fui eu mesma?...
...Eu ando tão triste, eu ando pela sala... Olho os objetos, arrumo-os, desajeito-os novamente, toco os livros idealizando que a osmose funcione... E volto para o Desafio. Escrever sobre o Amor? Quem sou eu para falar sobre o Amor? O que eu sei sobre Amar?Neste momento, lembro-me de um provérbio chinês que diz: “- me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso...”. Olho ao redor, estou sozinha... e, falo para as paredes mesmo – “Agora eu não mereço”.
Olhando as estrelas, pela janela, começo a contá-las, sorrio ao recordar do adágio popular que diz crescer verrugas na ponta do nariz. Toco o meu órgão do olfato, verificando-o e deixo as contas. Das verrugas parto para as bruxas e abre-se minha imaginação para os Contos de Fadas. Penso em escrever o Amor como nas antigas histórias, e, rapidamente, pego o papel. Eu perco a hora, eu chego no fim, mas descubro, que ali ,era só o começo para novos questionamentos.Desisto de escrever aquilo, quero algo mais real, quero expressar a carne, quero invocar os desejos, pois eles também fazem parte de tal sentimento...
...Eu deixo a porta aberta... Quem sabe o vento não traz em suas asas as respostas para o Desafio. Sento-me no chão, as horas passam, olho furiosamente para os ponteiros do relógio tentando pará-los. Em meio ao clamor da Madrugada, lembro-me de Nietzsche e declamo para o Amor: “-Odeio quem me rouba a Solidão, sem em troca me oferecer verdadeira companhia...”
Verifico as travas do meu coração e pelo saltar das lágrimas percebo que talvez estejam abertas, e me ponho a balbuciar “- Entre, a porta está aberta...”... Mas, penso melhor e solto um soluço angustiante ao descobrir que talvez... Eu não more mais em mim...
Choro, compulsivamente, amasso o papel, porém  não desisto... pego outro, e tento fazer uma comparação entre Amar e a Eternidade. Agarro nas mãos de Drummond e secando as lágrimas o declamo “- Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...”. Levanto-me e penso que isso deve ser o Próprio Amor, é a tatuagem irreversível do nosso coração...
Volto a sentar, pois Drummond solta minhas mãos, e, gentilmente pede-me para buscar minhas próprias Verdades. Nietzsche me diz que quer voltar aos livros, pois precisa ficar sozinho. Abandonada, olho para um quadro que parecia colorido, mas ali parece ser um espelho, e, portanto reflete um opaco e cinzento ponto de interrogação. Entro nele, envolvo-me, entrego-me e deparo com meu órgão pulsante acelerando-se, tento aclamá-lo, no entanto... Eu perco as chaves de Casa...
Em meio à revolta de não conseguir escrever... Em meio à angústia de não cumprir um desafio... Em meio ao meu perfeccionismo abaixo a cabeça e penso na minha ignorância e na minha frieza, afinal tantos falam sobre tal sentimento... Segundos depois, passo a mão pelo meu rosto, e pergunto-me se falam mesmo... Hei! Vocês não Sofrem?!?...
...Eu perco o freio... E passo a escrever o Amor biologicamente. Cito hormônios, descrevo movimentos cardíacos, trago o sistema Nervoso, brinco com o antagonismo do Simpático e do Parassimpático. Puxo Hipócrates, Proust, Adolf Lutz, Pasteur e até Newton surge no papo. Grito de euforia com Einstein. Também assobio com outros biólogos, discuto com outros físicos e químicos, sorrio com os médicos, faço cócegas nos psicólogos. Respiro fundo, acrescento o ponto final, penso no desafio terminado...
Pego para ler e fazer as últimas correções em tais palavras, e,  logo de início ponho de lado... Chaplin sopra ao meu ouvido “-O Homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de Amar.”... Minhas mãos tremem, meus dentes mordem meus lábios, meus olhos se fecham de decepção... Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio...
Abandono o trabalho que virou acadêmico, levanto-me e com passos lentos chego até a janela. Discuto com o vento que não trouxe nada em suas asas. Fico furiosa com minha mente por não cumprir o desafio. Brigo até com Nietzsche e outros filósofos por terem me abandonado. Dou as costas para Drummond e outros livros. Olho  tristemente  para Chaplin... E ali, parada, perplexa com a dificuldade de descrever tão precioso sentimento, coloco minha mão no peito, tentando acalmar o órgão pulsante interrogador, e,  principalmente tentando estancar a saída das perguntas... Mas parece não adiantar, pois um questionamento sai e sussurra para o Amor... Onde será que Você está agora?...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

É difícil imaginar que algo possa doer tanto. Arrancaram-me um dente e esqueceram a anestesia. Por quê?
 Como podemos esquecer que somos todos frágeis e humanos, e, tratar o outro com tamanha indiferença?O que nos pulsa no peito?Um coração ou um relógio?
Colocamos um limite na felicidade e na presença do outro na nossa vida, pelo simples fato de não nos colocarmos no lugar daquele que estava conosco. Por não nos perguntarmos o que tudo isso representa para ele. Sem nos importamos com o fato de que cada pessoa é única, singular, imperfeita, como um pássaro pequeno que tenta seu primeiro vôo, e a única coisa que quer é o outro por perto... para não voar sozinho, para se admirar manobras, para viver e compartilhar.... Porque a força da totalidade do vento também pode doer, como dói a falta da anestesia em mim...

sábado, 30 de outubro de 2010

Ela acordou apressada, imaginou que tivesse perdendo hora... Talvez, estivesse mesmo, perdendo também a latitude dos seus pensamentos. E no sentimento da perda enrolou-se no lençol esperando o dia parecer mais firme para então se levantar. Entre uma e outra piscadela, um sonho pequenino se formava, e entre versos inexistentes e beijos voláteis, ela te via e de certa maneira te admirava. Em uma tentativa louca para não abrir mais os olhos, ela se perguntava: “Onde estou eu? Onde está ele?”. E em meio aos soluços, a resposta era: “Cá estamos dentro de nós...Sós!”...
*Para não dizer que não falei de Amor&Dor*

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ao pensar no que estou sentindo nesse momento não encontro resposta(s), pois o que sinto se transforma lentamento no que digo, e o que digo se transforma lentamento no que sinto, numa mistura moribunda e nauseante!Talvez , passe do estado de viver para o tão tangível limiar do existir...

*Para não dizer que não falei de Amor&Dor*

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Por favor, hoje te peço não me olhe com aqueles olhos de quem me compreendeu; não chegue  mais próximo  e sussurre qualquer intervenção, seja esta irônica ou de entendimento!Não... Não me mande lenços, deixe minhas lágrimas caírem por aquilo que só você sabe, que apenas para você conto ou deixo se revelar sem o pronunciamento de uma só palavra,  tentando esconder  em   todo gesto e expressão.Deixe cada lágrima viajar na profundeza  do dito e do não dito,  deixe cada soluço percorrer minha espinha me gelando... e ... Causando o mais profundo horror por todos esses segredos que acabo de lhe revelar e por aquele que tremo só de pensar e não consigo te trazer... hoje me emudeça na saída e me olhe friamente  ... Para quando me levantar que seja para sempre...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Não há porque ter menosprezo. Cada dor é uma dor. O dicionário deveria trazer assim: “Dor” substantivo feminino com caráter particular. O meu mundo atual traz em si um vento gelado, que para alguns apenas balança o cabelo, no entanto os meus são arrancados. Traz também algo com sabor de vinho seco e cheiro de café, caracterizado como amor, este para muitos significa algo fantástico, mas para mim traz uma dor, daquelas de pós- marteladas e parafusos no cérebro, porém sua ausência me leva a um sono sereno e mórbido... Estou tentando tirá-lo de mim, como tento tirar a farpa do meu dedo, mas fincou bem fundo quando acariciava a mesa de madeira tentando achar imperfeições... Mesa ingrata, lisa e fria! Fria e petulante como a máquina do dentista e seu som, em uma tarde de segunda-feira. Hoje é quarta com cheiro de domingo no final da tarde, em que se reclama pelo término do final de semana e passa-se a desejar o início de uma semana melhor. Semana em que sinto o gosto de banana verde que amarra a boca, como amarraram os meus braços e pernas me impedindo de até um simples aceno para que alguém me enxergue...

domingo, 17 de outubro de 2010

Ela cozinha, corta os alimentos,os refoga ,abre um vinho e se serve... faz tudo em pequenos passos, oferecendo mais tempo.Arruma os pratos e os talheres...Muita comida pronta, dois pratos na mesa,duas taças, música e... ela sentada no sofá, no aguardo de alguém,mas é a campainha do vizinho que toca...

sábado, 2 de outubro de 2010

“As frases são minhas, as verdades são tuas...”

Eu não sei dizer....
Não vou dizer...
Não sei como...
                       Onde?!?
Por quê?!?
                           Agora?!?         
          Existe um por quê?!?
Talvez, aquele que se revela  no meu   abecedário da vida.
No meu A de Amor, B de Bruxa e no C de capitão
Capitã de sonhos e desejos intragáveis...
Amores não correspondidos...
Bebidas doces-amargas...
Movimentos incontroláveis...
Pensamentos proibidos...
Vida bandida
De um ser em constante paralisia móvel voluntária...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um curto conto,
             leva a um ponto
                         de um tanto
                                    de canto
   do meu espanto...
Ia escrever um tanto, mas esse requer um conto de mim que anda por outras bandas.E do tanto/conto que me falta, não sai o ponto com qual poderia escrever o espanto do meu canto....  
                                                              

terça-feira, 21 de setembro de 2010

E Agora José?
[...]
E agora você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Tic-tac, as horas passam, o frio entra pela fresta da janela, um pequenino espaço entre a janela e o batente, como pode entrar tanto ar por esse minúsculo espaço?
Gelado, gelado... Arrepios profundos soam numa alma ‘Joseana’... E Agora?
Qual será a fresta aberta do meu coração?A que fica rente ao batente da artéria pulmonar ou rente a aorta?Não sei, mas venta... Um ar frio entra e percorre cada veia e espaço de sangue pulsante. E agora, José?

Se ao menos... arrumasse uma ferramenta para consertar essa frestinha, podia desemperrar a parte da janela que não chega até ao final e  não encosta no batente, e assim proibiria a entrada gélida de um ar infeliz no meu coração, mas..

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Espero o sol para que acalme o movimento do balanço das árvores, para que as folhas não batam na janela e estimulem a entrada do vento, mas a previsão do tempo indica frio, chuva e solidão, então...

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?



[Trechos da poesia “E Agora, José?”- Carlos Drummond de Andrade]

(Drummond na voz de Drummond)

sábado, 18 de setembro de 2010

Quando eu era criança, por muitas vezes, queria ansiosamente que chegasse a hora de dormir, eu fechava meus olhos e os apertava até doer, me esforçando para dormir e sonhar. Se alguém me atrapalhasse eu dizia: " – Com licença, tenho que sonhar...”.
Hoje, deitei, puxei a coberta, fechei meus olhos e implorei um sonho azul. Um segundo, dez minutos, uma hora... me levantei,sem êxito,olhei no espelho, uma estranha me encarava, disse para ela: "– Com licença, tenho que sonhar...”.Ela não esboçou nenhuma reação, pasmada voltei para cama.Deitei, puxei a coberta, fechei meus olhos e implorei um sonho lilás.Um segundo, dez minutos, uma hora...suspirei, fechei bem os olhos, apertei até doer, mas, nada...nadinha...
Levantei, olhei no relógio, fui ao espelho e perguntei –“ Melhor deixar para amanhã?”-. Rugas! Doeu não conseguir sonhar!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010




O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

- Essas coisas todas;

-Essas e o que faz falta nelas eternamente

-Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço[...]
(Álvaro de Campos)

Quando a canseira bate é difícil se controlar... Pernas e braços pedem descanso, a cabeça pede alívio e a alma pede consolo.
Quando a canseira bate, é o exato momento de não se querer mais pensar, por um momento, se pede um cérebro oco e um coração gelado.
Por um momento, cada um olha pra si ou nem olha pra si, pois, simplesmente, se quer uma cama, uma água, um banho, uma boa noite, um sopro de sonho, um travesseiro macio e um abraço quentinho...
Quando a canseira bate se percebe o quanto se estudou, trabalhou, entregou, amou, frustrou e/ou se perdeu... Quando dói o corpo exausto e a alma cansada, se percebe como os dias passam rápido, como a vida é complexa, como o tempo pode ser um ring de luta...
Cansado se pensa em como amanhã pode ser melhor ou como tudo sempre é repetitivo e monótono... Cansado se pensa nas falhas, nos lapsos, no tempo perdido... e como para Clarice Lispector surge a dúvida “Não sei se quero descansar,por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir”...
Poderia escrever muito mais sobre Clarice, sobre canseira ou simplesmente contar uma piada, criticar os políticos, mas vou preferir o vento, o suco, o livro e minha cama, e a utilização da  minha canseira pra refletir... ou não...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sobre o que pode se tornar detestável ou...

Causar aquela sensação de Indiferença. Essa sensation é de quando já não se acredita em uma palavra do que determinadas pessoas dizem, seus olhos já não brilham quando encontra os daqueles que eram tão considerados, os assuntos já não são interessantes, muito menos engraçados e paira uma nuvem de medo, desprezo e um carinho estranho no ar, num simples bom-dia. Dói sentir!
Eu, simplesmente, acho a indiferença [e estou a falar dela em qualquer tipo de relacionamento, seja namoro, amizade, família...] um dos piores sentimentos, até mesmo pior que o ódio, pois este causa uma aversão e um total afastamento, distanciamento daquilo ou daquele que se odeia [o execrável]. Já a indiferença...
Ela simplesmente não trata nem destrata, e daí talvez, saia suas agulhadas ferozes, é por sua total omissão, sua imparcialidade gélida que as feridas são mais profundas. Cada vez mais, esse sentimento toma conta, enlaça e agride cada um. Ela vai surgindo como um arzinho gelado, numa quarta-feira, num final de noite, na cidade de São Paulo, em meio a sua poluição e o barulho dos automóveis... Aquele que se torna indiferente, sente um prazer por se tornar omisso, por conquistar de alguma maneira uma suposta “liberdade” e quem sofre a indiferença sente um ventinho frio entrar pela porta do coração e chacoalhar o tapete da solidão...
Seja a inveja, a falsidade, a ignorância, a ingratidão, o destrato... Sabe-se lá como surge “the indifference", talvez a muita doação de si para o próximo e falta de consideração deste, talvez porque depois de um tempo, se percebe quanta hipocrisia ronda as amizades e os relacionamentos em geral... Sabe-se lá como ela chega se são ventos do norte ou do sul. Aliás, como saber? O que sei é que hoje venta... Um vento gelado traz um misto de liberdade e solidão...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ao som dos passos
                      e
      dos
                                descompassos
soa o
                    Faço,
               com que Desfaço
o
         Nó
do
          Nó
                                       em que me Enlaço.

Faço,
          Desfaço,
                  Manejo,
                           Cortejo,
                                  Alvejo,
                                                Traço...

os passos soam falsos,
                                   no descompasso
que me desfaço,
              e,
faço soa fácil,
                                      no passo
                                                                                que me enlaço [...]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma Relação de Amor e ódio!

....Mas esses textos ainda...
Se lhe encontrasse hoje na rua, não sei direito qual seria minha reação, talvez lhe mostrasse a minha indignação perante seus escritos que têm se apossado do meu INCONSCIENTE, na verdade, melhor não usar tais palavras que trazem múltiplos significados nos seus textos.Meu caro, o que faz com minha incompletude ?A completa?Ou a torna mais quebrada e movediça?
Talvez, se lhe encontrasse na rua daria um abraço, dependendo do dia rasgaria o seu texto na sua frente sem dó, nem piedade...Deixaria  faltar-me escrúpulos!
São divãs e divãs de pensamentos, hoje só pra constar meu coração passou do laranja para o verde, em questão de segundos, há coisas que só um psicanalista consegue decifrar...
E agora será assim com todo texto, com todo personagem?Analisarei todos?Vou querer conhecer cada um dos seus pormenores "inconscientes"?E porque não paramos nos personagens?...O mais difícil é que a luta não é mais sua, essa luta é minha , e o preço para vencê-la é alto.Não entendeu nada, caro leitor?Nem eu!Talvez, Freud explique![Ainda falarei mais desse senhor, mas por enquanto só adianto que estou vivendo uma relação de Amor e ódio]


"O sonho é a satisfação de que o desejo se realize."
(Sigmund Freud)

domingo, 12 de setembro de 2010

PROIBIDO PESSOAS PERFEITAS!
Primeiramente, este será o lema do meu blogger, se você é "perfeitinho(a)", por favor, eu imploro, feche essa página , nunca mais entre aqui,não me leia.Please!
Eu tinha pensado em fazer apenas uma publicação por dia, mas hoje há motivo para escrever mais...Por essa frase em negrito, grifada e em itálico, eu tive uma experiência muito interessante.
Sabe aquele momento em que você se encontra?Em que você pode simplesmente respirar e deixar seu "eu" transbordar, sem vergonha e sem pudor?Bom, se você nem imagina a sensação que descrevi, está nao hora de rever alguns preceitinhos...
Esse post, e muito menos esse blog, tem a ideia de fazer uma apologia política ou religiosa,ou de qualquer tipo.A palavra Deus será citada em alguns momentos,se você não acredita  pode ler esse post mesmo assim, é só substituir tal substantivo/imagem  pela sua ideia de respeito ao próximo.
Hoje, em apenas uma hora ou uma hora e meia, eu me deparei com a constatação de como somos REALMENTE frágeis, do quanto precisamos do outro, do quanto precisamos ser aceitos e de como é bom ser acolhido...tive a oportunidade de vivenciar um louvor a Deus em que diferentes pessoas, da mais variada formas[digo estilo,etnia, sexo, opção sexual, etc], na Rua Augusta, abriam seus corações e se expressavam a Deus, ao proximo, se expressavam para a Vida... em cada palavra cantada, acredito que grande maioria ali não apenas pensava em si, mas num senso de comunhão....e , meu caro ou minha cara, comunhão envolve o próximo, e portanto sem observar o defeito do outro , pois sabendo da sua imperfeição, todos louvavam e acreditavam em algo maior para si e para aquele do seu lado .
Pára pra pensar e se pergunte "Quem somos nós para julgarmos?"...Caramba!Mas seja sincero consigo , e não responda só porque essa pergunta virou clichê...observe todos seus defeitos, erros e imperfeições...não é fácil deixar de julgar e sinceramente mesmo nos controlando sempre vamos fazer até pequenos julgamentos, faz parte da índole humana acusar o outro para afastar de si os olhos criteriosos, e principalmente, para se vanglorizar de que se é "melhor" por não ter tal defeito, não cometer tal erro, não ter tal doença.. etc e tal tal...Porém, quando se escreve/lê uma frase parecida com: "Aqui é proibida a entrada de pessoas perfeitas", e se coloca isso como lema de vida, há uma libertação, porque cada pessoa acaba se aceitando,e o julgamento diminui pra si e pro outro, porque cada qual se lembra que quer ser aceito na vida de outras pessoas , e se estas podem aceitar sua imperfeição,então se pensa "Quem sou eu para apontar a imperfeição dos demais?".Portanto, eu quero assumir esse lema pra mim e convido você a participar....

“To be or not to be, that’s the question”
Talvez, pudesse ser também:
Fazer ou Não Fazer?
Postar ou Não Postar?
Eis a questão!
Dúvidas e mais dúvidas.Dei um passo no labirinto e peguei mais um enigma para desvendar...Sim, sou um labirinto e meu coração tem um aspecto de ponto de interrogação (se quiser imaginá-lo,ele é gordinho e vive mudando de cor[hoje está meio amarelinho]), a cada passo que dou pelo meu labirinto surge um enigma, e a cada pergunta respondida, desvendada, um pouco de conhecimento próprio se firma, ou as vezes, novas perguntas aparecem e o labirinto fica ainda maior e mais complexo de decifrar.Ah , pode imaginar peças de quebra-cabeça.Adoro-os!Espero que você também leitor, na verdade, não espero nada de você, nem pensarei muito ao publicar, serei de um egocentrismo narcisista ao escrever,talvez....
Acho que essa será a abertura desse blogger, vou ir matutar com meus botões e conversar com meus cactos, talvez volte para caminhar no labirinto mais um pouco...Comecei com Shakespeare, também terminarei com meu querido, seus versos acabam de entrar com o vento pela minha janela...Agarre-os também!

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e setas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.

Dizer que rematamos com um sono a angústia

E as mil pelejas naturais-herança do homem:

Morrer para dormir… é uma consumação

Que bem merece e desejamos com fervor.

Dormir… Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:

Pois quando livres do tumulto da existência,

No repouso da morte o sonho que tenhamos

Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita

Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.

Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,

O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,

Toda a lancinação do mal-prezado amor,

A insolência oficial, as dilações da lei,

Os doestos que dos nulos têm de suportar

O mérito paciente, quem o sofreria,

Quando alcançasse a mais perfeita quitação

Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,

Gemendo e suando sob a vida fatigante,

Se o receio de alguma coisa após a morte,

–Essa região desconhecida cujas raias

Jamais viajante algum atravessou de volta –

Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?

O pensamento assim nos acovarda, e assim

É que se cobre a tez normal da decisão

Com o tom pálido e enfermo da melancolia;

E desde que nos prendam tais cogitações,

Empresas de alto escopo e que bem alto planam

Desviam-se de rumo e cessam até mesmo

De se chamar ação.(…)”
[Tradução:SILVA RAMOS]