sexta-feira, 17 de setembro de 2010




O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

- Essas coisas todas;

-Essas e o que faz falta nelas eternamente

-Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço[...]
(Álvaro de Campos)

Quando a canseira bate é difícil se controlar... Pernas e braços pedem descanso, a cabeça pede alívio e a alma pede consolo.
Quando a canseira bate, é o exato momento de não se querer mais pensar, por um momento, se pede um cérebro oco e um coração gelado.
Por um momento, cada um olha pra si ou nem olha pra si, pois, simplesmente, se quer uma cama, uma água, um banho, uma boa noite, um sopro de sonho, um travesseiro macio e um abraço quentinho...
Quando a canseira bate se percebe o quanto se estudou, trabalhou, entregou, amou, frustrou e/ou se perdeu... Quando dói o corpo exausto e a alma cansada, se percebe como os dias passam rápido, como a vida é complexa, como o tempo pode ser um ring de luta...
Cansado se pensa em como amanhã pode ser melhor ou como tudo sempre é repetitivo e monótono... Cansado se pensa nas falhas, nos lapsos, no tempo perdido... e como para Clarice Lispector surge a dúvida “Não sei se quero descansar,por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir”...
Poderia escrever muito mais sobre Clarice, sobre canseira ou simplesmente contar uma piada, criticar os políticos, mas vou preferir o vento, o suco, o livro e minha cama, e a utilização da  minha canseira pra refletir... ou não...

Nenhum comentário:

Postar um comentário