quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um curto conto,
             leva a um ponto
                         de um tanto
                                    de canto
   do meu espanto...
Ia escrever um tanto, mas esse requer um conto de mim que anda por outras bandas.E do tanto/conto que me falta, não sai o ponto com qual poderia escrever o espanto do meu canto....  
                                                              

terça-feira, 21 de setembro de 2010

E Agora José?
[...]
E agora você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Tic-tac, as horas passam, o frio entra pela fresta da janela, um pequenino espaço entre a janela e o batente, como pode entrar tanto ar por esse minúsculo espaço?
Gelado, gelado... Arrepios profundos soam numa alma ‘Joseana’... E Agora?
Qual será a fresta aberta do meu coração?A que fica rente ao batente da artéria pulmonar ou rente a aorta?Não sei, mas venta... Um ar frio entra e percorre cada veia e espaço de sangue pulsante. E agora, José?

Se ao menos... arrumasse uma ferramenta para consertar essa frestinha, podia desemperrar a parte da janela que não chega até ao final e  não encosta no batente, e assim proibiria a entrada gélida de um ar infeliz no meu coração, mas..

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Espero o sol para que acalme o movimento do balanço das árvores, para que as folhas não batam na janela e estimulem a entrada do vento, mas a previsão do tempo indica frio, chuva e solidão, então...

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?



[Trechos da poesia “E Agora, José?”- Carlos Drummond de Andrade]

(Drummond na voz de Drummond)

sábado, 18 de setembro de 2010

Quando eu era criança, por muitas vezes, queria ansiosamente que chegasse a hora de dormir, eu fechava meus olhos e os apertava até doer, me esforçando para dormir e sonhar. Se alguém me atrapalhasse eu dizia: " – Com licença, tenho que sonhar...”.
Hoje, deitei, puxei a coberta, fechei meus olhos e implorei um sonho azul. Um segundo, dez minutos, uma hora... me levantei,sem êxito,olhei no espelho, uma estranha me encarava, disse para ela: "– Com licença, tenho que sonhar...”.Ela não esboçou nenhuma reação, pasmada voltei para cama.Deitei, puxei a coberta, fechei meus olhos e implorei um sonho lilás.Um segundo, dez minutos, uma hora...suspirei, fechei bem os olhos, apertei até doer, mas, nada...nadinha...
Levantei, olhei no relógio, fui ao espelho e perguntei –“ Melhor deixar para amanhã?”-. Rugas! Doeu não conseguir sonhar!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010




O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

- Essas coisas todas;

-Essas e o que faz falta nelas eternamente

-Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço[...]
(Álvaro de Campos)

Quando a canseira bate é difícil se controlar... Pernas e braços pedem descanso, a cabeça pede alívio e a alma pede consolo.
Quando a canseira bate, é o exato momento de não se querer mais pensar, por um momento, se pede um cérebro oco e um coração gelado.
Por um momento, cada um olha pra si ou nem olha pra si, pois, simplesmente, se quer uma cama, uma água, um banho, uma boa noite, um sopro de sonho, um travesseiro macio e um abraço quentinho...
Quando a canseira bate se percebe o quanto se estudou, trabalhou, entregou, amou, frustrou e/ou se perdeu... Quando dói o corpo exausto e a alma cansada, se percebe como os dias passam rápido, como a vida é complexa, como o tempo pode ser um ring de luta...
Cansado se pensa em como amanhã pode ser melhor ou como tudo sempre é repetitivo e monótono... Cansado se pensa nas falhas, nos lapsos, no tempo perdido... e como para Clarice Lispector surge a dúvida “Não sei se quero descansar,por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir”...
Poderia escrever muito mais sobre Clarice, sobre canseira ou simplesmente contar uma piada, criticar os políticos, mas vou preferir o vento, o suco, o livro e minha cama, e a utilização da  minha canseira pra refletir... ou não...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sobre o que pode se tornar detestável ou...

Causar aquela sensação de Indiferença. Essa sensation é de quando já não se acredita em uma palavra do que determinadas pessoas dizem, seus olhos já não brilham quando encontra os daqueles que eram tão considerados, os assuntos já não são interessantes, muito menos engraçados e paira uma nuvem de medo, desprezo e um carinho estranho no ar, num simples bom-dia. Dói sentir!
Eu, simplesmente, acho a indiferença [e estou a falar dela em qualquer tipo de relacionamento, seja namoro, amizade, família...] um dos piores sentimentos, até mesmo pior que o ódio, pois este causa uma aversão e um total afastamento, distanciamento daquilo ou daquele que se odeia [o execrável]. Já a indiferença...
Ela simplesmente não trata nem destrata, e daí talvez, saia suas agulhadas ferozes, é por sua total omissão, sua imparcialidade gélida que as feridas são mais profundas. Cada vez mais, esse sentimento toma conta, enlaça e agride cada um. Ela vai surgindo como um arzinho gelado, numa quarta-feira, num final de noite, na cidade de São Paulo, em meio a sua poluição e o barulho dos automóveis... Aquele que se torna indiferente, sente um prazer por se tornar omisso, por conquistar de alguma maneira uma suposta “liberdade” e quem sofre a indiferença sente um ventinho frio entrar pela porta do coração e chacoalhar o tapete da solidão...
Seja a inveja, a falsidade, a ignorância, a ingratidão, o destrato... Sabe-se lá como surge “the indifference", talvez a muita doação de si para o próximo e falta de consideração deste, talvez porque depois de um tempo, se percebe quanta hipocrisia ronda as amizades e os relacionamentos em geral... Sabe-se lá como ela chega se são ventos do norte ou do sul. Aliás, como saber? O que sei é que hoje venta... Um vento gelado traz um misto de liberdade e solidão...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ao som dos passos
                      e
      dos
                                descompassos
soa o
                    Faço,
               com que Desfaço
o
         Nó
do
          Nó
                                       em que me Enlaço.

Faço,
          Desfaço,
                  Manejo,
                           Cortejo,
                                  Alvejo,
                                                Traço...

os passos soam falsos,
                                   no descompasso
que me desfaço,
              e,
faço soa fácil,
                                      no passo
                                                                                que me enlaço [...]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma Relação de Amor e ódio!

....Mas esses textos ainda...
Se lhe encontrasse hoje na rua, não sei direito qual seria minha reação, talvez lhe mostrasse a minha indignação perante seus escritos que têm se apossado do meu INCONSCIENTE, na verdade, melhor não usar tais palavras que trazem múltiplos significados nos seus textos.Meu caro, o que faz com minha incompletude ?A completa?Ou a torna mais quebrada e movediça?
Talvez, se lhe encontrasse na rua daria um abraço, dependendo do dia rasgaria o seu texto na sua frente sem dó, nem piedade...Deixaria  faltar-me escrúpulos!
São divãs e divãs de pensamentos, hoje só pra constar meu coração passou do laranja para o verde, em questão de segundos, há coisas que só um psicanalista consegue decifrar...
E agora será assim com todo texto, com todo personagem?Analisarei todos?Vou querer conhecer cada um dos seus pormenores "inconscientes"?E porque não paramos nos personagens?...O mais difícil é que a luta não é mais sua, essa luta é minha , e o preço para vencê-la é alto.Não entendeu nada, caro leitor?Nem eu!Talvez, Freud explique![Ainda falarei mais desse senhor, mas por enquanto só adianto que estou vivendo uma relação de Amor e ódio]


"O sonho é a satisfação de que o desejo se realize."
(Sigmund Freud)

domingo, 12 de setembro de 2010

PROIBIDO PESSOAS PERFEITAS!
Primeiramente, este será o lema do meu blogger, se você é "perfeitinho(a)", por favor, eu imploro, feche essa página , nunca mais entre aqui,não me leia.Please!
Eu tinha pensado em fazer apenas uma publicação por dia, mas hoje há motivo para escrever mais...Por essa frase em negrito, grifada e em itálico, eu tive uma experiência muito interessante.
Sabe aquele momento em que você se encontra?Em que você pode simplesmente respirar e deixar seu "eu" transbordar, sem vergonha e sem pudor?Bom, se você nem imagina a sensação que descrevi, está nao hora de rever alguns preceitinhos...
Esse post, e muito menos esse blog, tem a ideia de fazer uma apologia política ou religiosa,ou de qualquer tipo.A palavra Deus será citada em alguns momentos,se você não acredita  pode ler esse post mesmo assim, é só substituir tal substantivo/imagem  pela sua ideia de respeito ao próximo.
Hoje, em apenas uma hora ou uma hora e meia, eu me deparei com a constatação de como somos REALMENTE frágeis, do quanto precisamos do outro, do quanto precisamos ser aceitos e de como é bom ser acolhido...tive a oportunidade de vivenciar um louvor a Deus em que diferentes pessoas, da mais variada formas[digo estilo,etnia, sexo, opção sexual, etc], na Rua Augusta, abriam seus corações e se expressavam a Deus, ao proximo, se expressavam para a Vida... em cada palavra cantada, acredito que grande maioria ali não apenas pensava em si, mas num senso de comunhão....e , meu caro ou minha cara, comunhão envolve o próximo, e portanto sem observar o defeito do outro , pois sabendo da sua imperfeição, todos louvavam e acreditavam em algo maior para si e para aquele do seu lado .
Pára pra pensar e se pergunte "Quem somos nós para julgarmos?"...Caramba!Mas seja sincero consigo , e não responda só porque essa pergunta virou clichê...observe todos seus defeitos, erros e imperfeições...não é fácil deixar de julgar e sinceramente mesmo nos controlando sempre vamos fazer até pequenos julgamentos, faz parte da índole humana acusar o outro para afastar de si os olhos criteriosos, e principalmente, para se vanglorizar de que se é "melhor" por não ter tal defeito, não cometer tal erro, não ter tal doença.. etc e tal tal...Porém, quando se escreve/lê uma frase parecida com: "Aqui é proibida a entrada de pessoas perfeitas", e se coloca isso como lema de vida, há uma libertação, porque cada pessoa acaba se aceitando,e o julgamento diminui pra si e pro outro, porque cada qual se lembra que quer ser aceito na vida de outras pessoas , e se estas podem aceitar sua imperfeição,então se pensa "Quem sou eu para apontar a imperfeição dos demais?".Portanto, eu quero assumir esse lema pra mim e convido você a participar....

“To be or not to be, that’s the question”
Talvez, pudesse ser também:
Fazer ou Não Fazer?
Postar ou Não Postar?
Eis a questão!
Dúvidas e mais dúvidas.Dei um passo no labirinto e peguei mais um enigma para desvendar...Sim, sou um labirinto e meu coração tem um aspecto de ponto de interrogação (se quiser imaginá-lo,ele é gordinho e vive mudando de cor[hoje está meio amarelinho]), a cada passo que dou pelo meu labirinto surge um enigma, e a cada pergunta respondida, desvendada, um pouco de conhecimento próprio se firma, ou as vezes, novas perguntas aparecem e o labirinto fica ainda maior e mais complexo de decifrar.Ah , pode imaginar peças de quebra-cabeça.Adoro-os!Espero que você também leitor, na verdade, não espero nada de você, nem pensarei muito ao publicar, serei de um egocentrismo narcisista ao escrever,talvez....
Acho que essa será a abertura desse blogger, vou ir matutar com meus botões e conversar com meus cactos, talvez volte para caminhar no labirinto mais um pouco...Comecei com Shakespeare, também terminarei com meu querido, seus versos acabam de entrar com o vento pela minha janela...Agarre-os também!

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e setas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.

Dizer que rematamos com um sono a angústia

E as mil pelejas naturais-herança do homem:

Morrer para dormir… é uma consumação

Que bem merece e desejamos com fervor.

Dormir… Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:

Pois quando livres do tumulto da existência,

No repouso da morte o sonho que tenhamos

Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita

Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.

Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,

O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,

Toda a lancinação do mal-prezado amor,

A insolência oficial, as dilações da lei,

Os doestos que dos nulos têm de suportar

O mérito paciente, quem o sofreria,

Quando alcançasse a mais perfeita quitação

Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,

Gemendo e suando sob a vida fatigante,

Se o receio de alguma coisa após a morte,

–Essa região desconhecida cujas raias

Jamais viajante algum atravessou de volta –

Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?

O pensamento assim nos acovarda, e assim

É que se cobre a tez normal da decisão

Com o tom pálido e enfermo da melancolia;

E desde que nos prendam tais cogitações,

Empresas de alto escopo e que bem alto planam

Desviam-se de rumo e cessam até mesmo

De se chamar ação.(…)”
[Tradução:SILVA RAMOS]